quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Serge Haroche: “minha pesquisa parece esotérica”

O físico francês Serge Haroche, 68 anos, que dividiu o Prêmio Nobel de Física com o americano David Wineland, ficou conhecido por seu trabalho com fótons
O físico francês Serge Haroche, 68 anos, que dividiu o Prêmio Nobel de Física com o americano David Wineland nesta terça-feira, ficou surpreso com o anúncio, a ponto de ter que se sentar em um banco quando recebeu a ligação na França da Academia Real de Ciências da Suécia.
“Eu estava na rua, passava junto a um banco e pude me sentar imediatamente”. Acabava de ver que o indicador telefônico da Suécia aparecia em seu telefone celular, e adivinhou que iria ganhar o prêmio. Depois da ligação da Academia, falou com a família e com os colegas mais próximos, “sem os quais não teria podido obter o prêmio”.
“Sempre se pensa que isto pode acontecer, mas as chances são mínimas”, acrescentou. Especialista em física atômica e ótica quântica, Haroche já havia recebido em 2009 a Medalha de Ouro do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique, um dos principais centros europeus de pesquisa).
Serge Haroche disse que iria ao seu laboratório à tarde e que tinha a intenção de celebrar seu prêmio “com champanhe”.
Pesquisa “esotérica” — Primeiro envolvido com a matemática, Haroche se aproximou rapidamente das ciências físicas. “Eu estava fascinado pelo fato de que a natureza pode ser entendida por leis matemáticas, e fui rapidamente atraído para a física, que acrescenta à matemática uma questão essencial: o real”, contou em 2009.
“Haroche é alguém extremamente entusiasta, dinâmico, interessado em muitas coisas, como a música, a literatura”, afirmou Claude Cohen-Tannoudji, professor do Collège de France, do qual Haroche foi um dos primeiros alunos. “É um homem que tem qualidades científicas e humanas notáveis”, acrescentou.
Seus trabalhos permitiram estudar e ilustrar experimentalmente alguns dos postulados da mecânica quântica que desafiam a intuição. Os átomos e fótons constituíram o princípio orientador de sua carreira científica: “Eu ainda estou empenhado em realizar experimentos de laboratório envolvendo átomos e fótons em situações ‘exóticas’, que normalmente não encontramos na natureza”.
“Esta é uma pesquisa que parece a muitas pessoas esotérica e altamente técnica”, explicou, lembrando, porém, que os transistores, o laser ou a ressonância magnética nuclear, a base da RM (ressonância magnética), são “tecnologias que foram desenvolvidas graças ao conhecimento do mundo quântico.”


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